quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

As dores do parto

Resolvi escrever, como doula e como mãe que já pariu, um texto sobre as dores do parto.
Dez entre dez mulheres grávidas que conheço e converso em algum(s) momento(s) da gravidez revelam um medo do sofrimento do trabalho de parto. Algumas acham que não têm estrutura para aguentar dor muito tempo, outras dizem que são muito fracas com dores corriqueiras e imaginam que as dores do TP vão beirar o insuportável para o nível de dor que elas realmente aguentam, enfim. Mas o principal é que muitas delas falam da dor do TP como uma dor de sofrimento.

Desde que optei pelo parto natural penso e repenso muitas vezes sobre essa relação que temos com nosso corpo e a dor. Primeira questão que me veio na cabeça: Qual a diferença entre dor e sofrimento?
Muitas vezes tive que tomar decisões na minha vida, tive que abdicar de algo em prol de um desejo, muitas vezes vi alguém partir. Em todas essas circunstâncias eu sei que tive que me fortalecer, que doeu emocionalmente, e algumas vezes até fisicamente, mas ao final eu cresci um pouco mais como pessoa. Crescer dói. Faz parte de um processo. Em quase todas as vezes que doeu eu poderia ter evitado, ter estagnado, e, talvez não doesse de começo, mas também me impediria de crescer naquele aspecto.
Pensei muito sobre minhas 6 cirurgias no períneo, e de como elas doeram. Mas a dor não era a mesma. Aquelas eram dores de sofrimento, de mutilação, frutos de erros médicos. Dores de pós operatório. Claro, eu ainda conseguia viver, tomar banho, afinal a gente tem que conseguir né?!
E imagino o que se passa na cabeça de quem opta por uma cesariana por medo de sentir dor. Por medo de sofrer. Por medo de achar que é muito arriscado para seu filho. Esse é o mundo em que estamos sendo inseridos. O medo do nosso próprio corpo, entregando nosso fantasioso bem estar em mãos e bisturis alheios.

É fácil perceber que é propaganda enganosa, é só abrir os olhos e ver que tipo de dor estamos tratando:
- a dor do trabalho de parto vem somente com as contrações, que vão e vem. quando elas se vão é impressionante mas elas se vão tão completamente que você nem se lembra da intensidade, do tempo que ela durou.
- Nosso corpo é tão sábio que ele envia contrações fortes e fracas alternadamente
- Quando o bebê nasce dificilmente você consegue descrever ou lembrar de algum vestígio de dor
- Se você se concentra em seu trabalho de parto a dor em muitos momentos fica em segundo plano, o primeiro é o instinto animal de colocar seu bebê no mundo, de sentir muito além de dor, sentir a sincronia e a perfeição do trabalho em dupla sendo realizado ali, pra você.
- Como é um processo natural seu corpo não sofre uma mudança brusca de "com bebê" e "sem bebê", ajudando na amamentação imediata, recuperação do útero e demais órgãos, e mudança dos hormônios.

Cesariana:
- No momento da cirurgia seu corpo fica anestesiado, ou parte dele. isso não quer dizer que você não sinta nada. É como um "sentir que não sente". Você sabe que seus dedos do pé estão lá, mas não consegue movê-los, você sentirá o corte e a pressão do bebê saindo, mas não sentirá dor.
- Como é uma retirada brusca, principalmente em cesarianas eletivas onde o bebê ainda não está pronto para nascer, pode haver dificuldade e retardamento da amamentação, bem como a mudança de hormônios.
- Os órgãos do corpo demoram para se reposicionar, muitas vezes dando a sensação de que eles "despencam" ao se levantar
- Existe dor no pós parto. Pode ser leve, moderada ou forte, depende da sensibilidade de cada uma e da quantidade de remédios oferecidos para alívio, mas a dor existe e não há como negar. Existem 7 camadas - pele, gordura, fáscia muscular (lâmina de tecido em que se fixa o músculo), músculo, peritônio parietal (sob o músculo), peritônio visceral (sobre a parede do útero) e o útero - cortados, mais um bebê para ser cuidado 24 horas por dia. É impossível um ser humano cicatrizar imediatamente, logo, há dor.
- A cesariana desnecessária (principalmente interrompida antes do trabalho de parto) deixa de proporcionar mudanças e sensações únicas, e essenciais para a vida  e o empoderamento materno, além de ter muito mais riscos - por se tratar de uma cirurgia e de grande porte - do que o bom e velho parto, nascido desde que o mundo é mundo.

De qual dor você tem medo mesmo?

segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Preparando o períneo para o parto natural

O corpo da mulher é totalmente preparado para o parto natural, seja ela baixa, alta, magra, gorda, com quadris largos ou estreitos, enfim, o parto natural é para todas. Hoje em dia a mulher é mais sedentária do que antigamente sim, mas nem por isso seu corpo deixou de ser funcional para o parto.

Alguns exercícios podem favorecer o preparo físico e até mesmo emocional de um músculo essencial no momento do parto - o períneo - dando consciência e fortalecimento, além de contribuir para não haver laceração no momento do parto.

Existe um aparelho chamado Epi-no, muito indicado para o uso a partir das 34 semanas de gestação. Eu utilizei desde a 30, por ter sofrido 6 cirurgias próximas a região um pouco menos de 1 ano antes de parir, mas no geral é a partir das 34. Esse aparelho parece aquele de medir pressão (vide foto), onde a parte que é inflada é introduzida na vagina. Ele trabalha tanto o fortalecimento, exercícios de consciência do músculo, e trabalha o processo do expulsivo. O ideal é utilizar todos os dias, e a cada dia inflar um pouco mais, até chegar nos 10 cm "de dilatação", simulando a fase do expulsivo, além de também  poder ser usado para os exercícios de kegel (abaixo). Esse trabalho é acompanhado pela doula e/ou G.O. 




Os exercícios de Kegel também são muito importantes para o controle e o fortalecimento do períneo, que ajudam desde a gestação até o pós parto. Exercícios manuais com este músculo também são indicados e acompanhados pela doula e/ou G.O.

sábado, 12 de janeiro de 2013

Sobre o parto normal


As vantagens de ter uma doula.


Apresentação

É com muita satisfação que inicio um de meus projetos de 2013. Este blog tem muito significado nessa jornada - ainda curta, porém de muito aprendizado- de ser mãe e ser doula.
Começarei fazendo uma breve apresentação.
Sou Luciana Ribeiro, 26 anos, casada, e tenho uma filha linda que nasceu dia 22 de outubro de 2011. Parto natural hospitalar com doula e médicos humanizados, e claro, marido doulo, pai, ativo 100%. Após passar uma gravidez muito tranquila, bem ativa e cheia de descobertas, um parto enriquecedor e um pós parto enlouquecedor, resolvi fazer um pouco mais por mim e para quem busca essa fantástica viagem da maternidade consciente, empoderada. 

E cá estamos nós! Enjoy the blog!